Sangue ácido e sangue alcalino

No início dos anos 90, estudante de acupuntura e completamente fascinado pelas terapias naturais, tive o primeiro contado com a teoria do sangue ácido e do sangue alcalino. Naquela época aprendia a teoria de que o sangue ácido era prejudicial, pois favorecia a proliferação de agentes patogênicos e que quando o sangue está alcalino o agente patogênico tinha mais dificuldade de se proliferar.

Aprendi então que era sempre melhor ter o sangue com uma característica mais alcalina do que ácida. Na época acompanhava o ambulatório do Instituto Sino Brasileiro de Acupuntura, pude ver esta ideia ser aplicada na prática, vários clientes que apresentavam doenças crônicas e que estavam muito desanimados com o tratamento convencional, e aceitavam fazer algumas modificações na sua dieta, usar chás alcalinizantes, acrescentar exercícios físicos e respiratórios e se tratar com acupuntura.

Fiquei tão impressionado com os resultados que resolvi adotar uma dieta com características “alcalinizantes”. Muitos anos se passaram novos paradigmas surgiram em fisiologia principalmente nas correntes de medicina Biológica na Alemanha e na Suíça, pude associar esta prática a Medicina Chinesa e hoje entendo que o excesso de proteína, leite e derivados, açúcar, sal e alimentos Industrializados podem levar a muitos distúrbios metabólicos.

“Pensando em Medicina Chinesa Quando o fogo se acende, produz luz e calor. No começo, pode ser um fogo tênue, mas no momento em que a madeira se incendeia, o fogo esquenta e também ilumina bastante. Esse processo de combustão é uma mudança química, pois a energia é liberada da madeira. A madeira dura se transforma em cinza poeira, que cai no chão da lareira.

Se você decidir que quer um fogo mais quente, deve acrescentar mais madeira. No início, esse plano funciona bem. Mas, se você continuar acrescentando madeira e não limpar as cinzas que estão no fundo, a falta de oxigênio vai começar a abalar o fogo. O que era uma chama muito eficaz vai se amortecendo e perdendo a vigor.”

Quando ingerimos excesso de proteínas, açúcar, farinha refinada e substâncias tóxicas que não podem ser reutilizadas, essas substâncias são eliminadas pela urina, fezes, suor e respiração, mas como acontece com o excesso de madeira no fogo nossa capacidade de reciclá-los vai diminuir, juntamente com a capacidade de eliminação. Essas toxinas ficam armazenadas no corpo inteiro sob a forma de radical livres que são perigosos porque têm capacidade de aglutinação e podem formar outras substâncias químicas, muitas das quais carcinogênicas.

Hiperacidez ou sangue ácido, o que isso significa?
“Pense no que acontece quando você mistura suco de limão ou vinagre ao leite: o leite talha (coagula). Quando seu meio interno é ácido, o mesmo espessamento acontece com o sangue, seus fluidos linfáticos e os fluidos que circulam nos pequenos espaços entre as células, chamados fluidos intersticiais. Esses pequenos espaços são muito importantes, pois é ali que as células, como neurônios e componentes do sistema imunológico, se comunicam uma nas outras.

Quando o organismo fica hiperácido e esses se espessam, muitos processos vitais ficam mais lentos: a respiração celular – a maneira como a célula usa oxigênio para “respirar” -, os impulsos nervosos, as reações imunológicas e a produção de importantes enzimas e hormônios reguladores.

No meio dessa congestão, os sinais se desaceleram, as toxinas se concentram e o metabolismo celular fica lento. Na verdade, a alimentação celular diminui e os nutrientes não conseguem chegar até as células. Apesar do excesso de proteínas, e outras substâncias, as próprias células são obrigadas a “passar fome”. Isso causa envelhecimento precoce.” Em MTC observamos pulso deslizante e classificamos como retenção de umidade.

“Ao mesmo tempo, o organismo reage ao ambiente ácido extraindo cálcio e outros minerais dos ossos e tecidos conjuntivos para isolar a acidez.” Consumo do Jing.

A hiperacidez também contribui para a aterosclerose, pois endurece as artérias. Estagnação de Xue .
Segundo aos paradigmas das terapias biológicas e ao contrario do que diz a crença popular, “o colesterol não é a causa principal das placas nas artérias; os vilões são a hiperacidez e as alterações minerais dos tecidos. Quando a acidez aumenta no organismo, acontece a extração de cálcio e outros minerais dos ossos e magnésio das cartilagens, injetando-os nos tecidos conjuntivos, nos espaços intersticiais e até nas artérias, num esforço para isolar ou neutralizar a acidez.

Quando estes minerais extraídos de sua origem natural reagem com o colesterol naturalmente presente no sangue, formam-se depósitos calcificados que acabam levando à aterosclerose.” Assim, podemos concluir que não é o colesterol, e sim o excesso de acidez produzido por equívoco alimentar que leva a uma série de doenças crônicas degenerativas, do tipo inflamatória e auto imunológico. A fitoterapia e a dietética podem contribuir muito na pratica do acupunturista, ajudando a “Alcalinizar” o sangue e acelerar a melhora do seu cliente.

Este texto surgiu da leitura dos seguintes livros:

COUSENS, Gabriel
Rainbow Creen Live – Food Cuisine

RAUL, Thomas
The Swiss Secret to Optimal Health

MOSS, Charles A.
The Adaptation Diet